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sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Capitalismo, pecado estrutural e a luta espiritual

Deu na Adital:
por Jung Mo Sung


Adital -
No artigo anterior, "Pecado estrutural e as boas intenções", vimos que na dinâmica social nem tudo depende de boas ou más intenções, na medida em que as estruturas sociais, econômicas, culturais e de outros tipos têm um papel significativo nos resultados das ações de indivíduos e de grupos sociais. Quando a Teologia da Libertação (TL) utiliza a noção de "pecado estrutural" para criticar o capitalismo está mostrando que as boas intenções não são suficientes para solucionar os graves problemas sociais e ecológicos que enfrentamos. É preciso modificar profundamente as estruturas do capitalismo; em outras palavras, é preciso construir uma sociedade alternativa ao capitalismo.
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Este espírito capitalista está "colonizando" as mentes e corações de quase todas as pessoas e povos do mundo. Até jovens chineses educados no comunismo ou asiáticos de tradições budistas têm como um dos seus desejos mais ardentes comprar carros novos e equipamentos eletrônicos, assim como fazem norte-americanos e europeus. Uma grande parte de experiências de fascinação e de sagrado que ocorre no mundo se dá hoje no âmbito do consumo. Podemos perceber a força disso também nas igrejas cristãs e em outras religiões: cristãos que escolhem a igreja de acordo com o seu "poder" para aumentar o padrão de consumo; ou então, padres, pastores e ministros religiosos mais preocupados com salários altos e consumo do que em servir a Deus e ao seu povo que sofre de mais diversas formas.
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Sem esta luta espiritual contra o espírito do capitalismo, não poderemos superar o pecado estrutural em que vivemos. A reconciliação com Deus e com a comunidade humana exige um novo espírito movendo a humanidade. Exige que criemos novos tipos de relações humanas e sociais e um novo sentido de vida que testemunhem a presença do Espírito entre nós. Por isso, a tarefa fundamental do cristianismo hoje é espiritual. Lutar pela vida dos mais pobres e, por isso, por uma sociedade alternativa ao capitalismo não é apenas um "compromisso social" ou uma articulação entre a "fé e política", mas é viver a "vida no Espírito" contra o espírito do "mundo".

Por tudo isso, eu penso que uma das tarefas e contribuições fundamentais do cristianismo hoje se dá no campo espiritual: no testemunho da experiência da graça no reconhecimento mútuo entre pessoas - independente do seu nível de consumo, da sua religião, etnia ou...-; e da vivência da "fé agindo na caridade" (Gal 5,6) - lutando por uma outra sociedade.

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