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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Clara de Assis – uma santa que procura radicalmente Deus

Deu no CCFMC-Boletín Julio de 2003:

Em 11 de Agosto de 2003 celebramos os 750 anos da morte de Sta. Clara de Assis. Durante um ano, a Família Franciscana em todo o mundo comemora esta mulher corajosa da Úmbria, a amiga de S. Francisco e fundadora da Ordem das Clarissas, a primeira mulher na história da Igreja que escreveu uma regra própria duma ordem. Por motivo do "Capítulo de Esteiras" no Convento de Oberzell, Alemanha, as irmãs trocaram impressões sobre o que significa Clara como padroeira duma Ordem hoje em dia.

Queremos publicar o respectivo artigo, redatado por Ir. Katharina Ganz, substituindo as habituais notícias CCFMC mensais. Queremos por este meio convidar a toda a família CCFMC de nos comunicar o que é e será feito e organizado nos diferentes grupos CCFMC por motivo do jubileu e Sta. Clara. Queremos trocar impressões sobre isso nas próximas notícias. Façam favor de nos escrever até fins de Agosto do 2003 o que Sta. Clara vos diz.

Estamos de acordo: Sta. Clara deve ter tido uma boa porção de coragem. Toda a sua vida é um testemunho de grande força de decisão. A filha da Casa nobre dos Offreduccio não teve medo de oposição. Só assim nos podemos explicar que se tenha oposto aos planos matrimoniais de sua família deixando a casa dos pais clandestinamente. O tio Monaldo que tinha muita influencia e que como chefe patriarcal teve força decisiva sobre os assuntos familiares não foi capaz nem por palavras nem à força de quebrar a vontade de sua ambiciosa sobrinha.

Clara transgrediu as convenções, seguiu seu próprio caminho, procurou soluções individuais, não se adaptou às formas prefabricadas. A radicalidade de Clara nos faz pensar. É um desafio para nós para examinarmos nosso próprio estilo de vida. Admoesta-nos ficarmos atentos no que diz respeito à voz interior da verdade de não ceder ao ditado da razão, da comodidade, da superficialidade ou da presunção.

Forma fraternal alternativa de vida

Outra coisa se tem cravado na nossa consciência: a Irmã Clara é um modelo para uma forma fraternal alternativa de viver. Ela rejeita categoricamente para suas comunidades femininas quaisquer hierarquias no sentido duma ordem superior ou subordinação. Como superiora, Clara inclui as suas companheiras da comunidade nas decisões; sua atenção e respeito especiais se dirigem às irmãs fracas e doentes. No processo de canonização, suas irmãs testemunharam o estilo atencioso no trato que ela praticou durante toda sua vida.

Sta. Clara entende a fraternidade como sendo integrativa, não exclusiva. Uma preocupação central foi para ela a ligação com o movimento dos irmãos franciscanos embora sua comunidade feminina se encontrasse em lugar separado. Em São Damião que é distante, se preocupou especialmente com a cidade de Assis. A pesar da clausura, as irmãs tratam de doentes e recebem – pelo menos no princípio – crianças em seu convento. A pesar de diferenças internas com os hierarcas eclesiásticos, Sta. Clara procura sempre o diálogo. Embora fisicamente fraca devido à grave doença durante dezenas de anos e devido ao jejum excessivo, Sta. Clara, ao morrer, louva a Deus pelo maravilhoso donativo que é a vida.

Clara de Assis nos pode ajudar a unir o amor pelos homens e o amor por Deus, viver alternativamente e ser uma Igreja fraternal. Nos pode ensinar a aceitar coisas incompatíveis, curar ferimentos, agüentar tensões, superar mal-entendidos, respeitar limites e encontrar a vida na morte.

Exemplo de resistência pacífica

"Vejo na Irmã Clara um exemplo de resistência pacífica", prossegue uma de nós. Clara negocia com cardeais e papas e não cede antes de receber o privilégio da pobreza e antes de serem confirmadas pela instituição mais alta de Igreja as regras da ordem, que ela escreveu por mão própria. Através de sua sinceridade, força e firmeza com os quais continua fiel à Irmã Pobreza convence a cardeais e papas. Diz-se que Sta. Clara salvou a cidade de Assis duas vezes de assaltos. Uma vez – assim diz a lenda – surpreendeu os atacantes de manhã cedo com pão fresco; outra vez pediu às irmãs que rezassem enquanto ela se deitou no chão com uma caixinha cheia de hóstias consagradas.

Uma de nós diz: "Clara de Assis é uma mulher de tons suaves".No entanto, levanta a voz quando há injustiças. Suas palavras ganham expressão através do peso que ela dá às palavras. Suas ações convencem pela conseqüência e decisão de sua atuação.

Clara pode nos ensinar a lutar corajosamente por nossas preocupações sem termos medo de dificuldades internas e externas. Quanto mais conscientes somos de nossa missão como comunidade na Igreja e no mundo tanto mais decididos, cheios de idéias e sem medo vamos reconhecer os sinais do tempo ajudando assim a construir o Reino de Deus.

Mulher motivada por Deus, que moveu muito

"Clara moveu muito porque estava motivada por Deus", continua dizendo uma companheira no convento na nossa conversa. A essência de seu caminho místico é sua relação amorosa com Deus. A contemplação de Clara encontra sua maior densidade nas cartas ainda existentes que escreveu a Inês de Praga a quem incita, sem a conhecer pessoalmente, à mesma dedicação:

"Ama Aquele com toda a dedicação que, devido ao teu amor, se entregou totalmente e cuja beleza é admirada pelo sol e pela lua e a preciosidade e grandeza de suas recompensas não têm fim (3 Agn)."Igual a S. Francisco, Clara também quere admirar a pobreza Dele que está no presépio enrolado em panos, a humildade Dele que se encarregou das dificuldades da vida, e o amor Dele que despido morreu na Cruz".

Sua vida, sua encarnação, seu caminho da encarnação, e sua renúncia são o espelho no qual ela se quere ver e que comparte com sua amiga. Neste espelho do amor incondicional a Deus se refletiu ela própria como espelho da misericórdia e do amor de Deus, e assim foi chamada por S. Francisco carinhosamente "Christiana", cristã.

Solidariedade com as mulheres

A solidariedade e a amizade com mulheres se corre em toda a vida de Clara como um riacho. Mal fugiu da casa dos pais e assim da influência da família e da sociedade de cunho patriarcal, Clara reza para que sua irmã a seguisse.: "Portanto, como foram unidas de todo o coração no mundo assim pediu com mais fervor ainda que uma vontade comum unisse suas almas ao serviço de Deus." (LegCl 24) E só durou 16 dias até Inês fugir de casa seguindo Clara. Com Pacifica de Guelfuccio como a terceira do grupo as duas irmãs se instalam depois de pouco tempo na pequena igreja de São Damião provisoriamente renovada. Finalmente, as cartas ainda existentes de Clara a Inês de Praga são um testemunho maravilhoso da amizade de duas mulheres que nunca se viram na vida. Suas afinidades espirituais estão crescendo através da comunhão com Cristo numa pobreza conseqüentemente vivida. Dentro de pouco tempo, Clara passa do trato formal de "A Senhora" para o trato mais íntimo de "Você". Embora no início ainda se dirigisse à "Senhora Inês, filha (...) do Rei da Boemia", em sua quarta carta se dirige a ela chamando-a carinhosamente "metade de minha alma".

A partir de 1234, as duas confirmam mutuamente sua forma de vida e a pobreza radical. Uma de nós diz: "Clara foi amiga de Deus, amiga de Francisco, amiga de Inês de Praga, amiga de sua irmã Inês e amiga dos pobres."

Clara de Assis é um exemplo para nós de como a solidariedade no caminho de cada uma fortifica, cura e suporta. Ela só precisava de poucas companheiras para arriscar um início novo e manter viva a sua visão até morrer. Testemunhas ouviram na hora da morte de Clara sua alma dizer: "Anda seguramente e em paz por que vais ter uma boa companhia; pois quem te criou primeiramente te santificou e depois de te ter criado mandou o Espírito Santo, te protegeu sempre, como a mãe protege a filha amada."

Também nossa comunidade morre e diminui. A vida e a morte de nossa padroeira Clara de Assis, desta profetiza luminosa de Deus, nos dá coragem para ficarmos fieis à nossa visão – não obstante dados estatísticos.

Ir. Katharina Ganz osf

Questões que podem ajudar a que o jubileu de Clara dê ricos frutos

  • O que significa Clara de Assis para mim?
  • Como entrei em contato com ela?
  • O que nos pode dizer Clara hoje em dia?

Senhas de Clara De Assis

Nome: Clara Offreduccio
Cognomes: Francisco a chama "Christiana" (cristã)
Ela própria se chama "plântula" (planta pequena) de Francisco
Data de nascimento: 1193 ou 1194
Lugar de nascimento: Assis na Úmbria/Italia
Família: Offreduccio, nobreza, tio Monaldo, chefe de família
Pais: pai Favarone (pouco conhecido)
Mãe: Ortulana (muito religiosa)
Irmãs: Katharina, chamada Inês por Francisco, e Beatrice:
Todas as irmãs e sua mãe seguem Clara para o convento
Amizades: com Francisco de 1210 até sua morte em 1224,
cartas trocadas com Inês de Praga desde 1234.
Forma de vida: Fuga da casa dos pais no Domingo de Ramos de 1212;
Início da vida conventual em São Damião;
Pobreza radical seguindo o exemplo de Francisco e dos Frades Menores – como mulher só possível em clausura.
Mérito: 1240 e 1241 proteção contra dois ataques dos Sarracenos contra Assis através da oração.
Regra da ordem: 1218/19 o Cardeal Hugolin é protetor das "mulheres pobres" dando-lhes uma regra; o Papa Inocêncio IV confirma a regra de Clara em 9 de Agosto de 1253 (dois dias antes da morte de Clara).
Doenças: a partir de 1224 / 25
Morte: 11.08.1253
Canonização: 15.08.1255



Extraído de http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/cbcmf-news/jul03news_p.shtml?navid=94 acesso em 22 ago. 2008.

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