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terça-feira, 26 de agosto de 2008

A nossa Irmã, a Mãe Terra

Deu no CCFMC Boletín Março de 2007:

“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa Irmã, a Mãe Terra, que nos sustenta e governa e produz frutos diversos e coloridas flores e ervas.” Francisco de Assis rejubila, e este gozo de estar no mundo de Deus, em lado algum é tão bem expresso como no seu Cântico do Irmão Sol, num dos primeiros poemas na língua italiana popular. Neste poema, são cantados todos eles – os quatro elementos no cosmo e na alma, na história e na natureza. Todo do Cântico do Irmão Sol é movido pelo reconhecimento de que tudo isso não é natural. Todo o mundo com a sua riqueza e a sua beleza contém sinais da presença de Deus. Em Jesus Cristo, Ele fez-se mesmo parte desta Criação estando presente em todas as coisas, mas, sobre tudo nos seres humanos que seguem as pégadas de Jesus. O mundo é um todo no qual tudo está entrelaçado e interdependente. Portanto, Francisco pode chamar a todas as coisas irmão” e “irmã”, e é por isso que admoesta os seus irmãos a tratarem tudo com atenção e amor.

Não pode haver uma justificação mais profunda e uma motivação mais forte para fazer todo o possível para preservar a Criação. Francisco não pensa em dominar explorando e destruindo a natureza. Pois, para ele, a Criação é uma dádiva de Deus para os homens destinada a dar e conservar a vida.

Nós, como pessoas que pensam e atuam franciscanamente, deveríamos estar comovidos pelo que diz o último relatório sobre o meio ambiente da ONU acerca da alteração climática. Não se trata de prognósticos e suposições. 2500 cientistas de 130 países juntaram minuciosamente todos os fatos e dados sobre os cenários que nos esperam. Os mesmos são tão iminentes
que o antigo diretor do Programa do Meio Ambiente da ONU, o Prof. Klaus Töpfer, diz o seguinte: “Quem agora ainda não despertou deve perguntar-se o que ainda tem de acontecer para que se reconheça a gravidade da situação.” Aos conhecimentos seguros do relatório pertence o fato de a alteração climática ter sido provocada pelos homens; de ser irreversível, mas de poder ainda ser reduzida a uma medida suportável se se conseguir um verdadeiro câmbio, o que diz respeito a todos, à política, à economia e a nós como consumidores.

Não faltam declarações soberbas por parte de governos e organizações ambientais de todo o mundo. “Todos que ainda hoje ignorarem a ameaça e as suas origens prestarão um mau serviço às futuras gerações”, declara o ministro do Meio Ambiente da África do Sul. O Presidente francês Jacques Chirac demanda, por seu lado, uma “revolução” para salvar a terra. “A consciência dos homens, a economia e a política têm de ser modificados radicalmente.”

Ainda é tempo de agir, mas é necessário que seja rapidamente. É o teor fundamental de muitos comentários. No entanto, neste contexto valem as palavras conhecidas de Mikhail Gorbatchev: “Se quisermos salvar o mundo para as gerações futuras teremos de nos converter. Mas só nos convertemos se tivermos espiritualidade.” Quem é desafiado se não os sucessores de Francisco de Assis? Primeiro, no que diz respeito ao próprio modo de consumir, mas também devem intrometer-se com uma divulgação corajosa e ofensiva da espiritualidade franciscana da Criação.
Andreas Müller OFM

Extraído de http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/cbcmf-news/2007/2007_03_News.shtml?navid=93 acesso em 26 ago. 2008.

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