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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Fraternidade Universal

Deu no CCFMC Boletín Maio 2008:
Vivemos numa época repleta de crises. Cada vez são mais freqüentes os cenários de crise que se alastram em todo o mundo. Mal terminaram os títulos nos jornais sobre a crise financeira mundial somos confrontados com uma crise alimentar mundial. E esta crise, segundo os especialistas, ameaça a destruir os progressos na luta contra a pobreza obtidos nos últimos anos.

Toda uma serie de causas são responsáveis por esta situação, as quais poderiam, acumulando-se, desembocar numa catástrofe. O desenvolvimento deplorável, de que, p.ex. se destina cada vez mais terra útil à produção de bio-combustível, de que a demanda crescente devido ao crescimento populacional bem como as catástrofes de cheias e secas devidas às alterações climáticas, levaram a uma falta global de alimentos. A conseqüência é o aumento dos preços de bens alimentares que não podem ser pagos por muitas pessoas. Em estados pobres há pessoas que já não podem comprar os bens básicos de alimentação. No Haiti já houve manifestações violentas. Há quem fala já duma iminente guerra de fome.

Políticos e organizações caritativas estão alarmados. No entanto, é evidente que, mais uma vez, os cenários de ajuda planeados só aliviam os sintomas. Temos, finalmente, de aprender que as crises financeiras, as catástrofes ambientais, as alterações climáticas, a pobreza, por um lado, e a abundância, pelo outro, estão interligadas. Em quanto continuarmos a cultivar a maneira de viver e o padrão de consumo no mundo ocidental querendo exportá-los como geradores de felicidade para todo o mundo, não vamos encontrar soluções duráveis nem evitar conflitos bélicos. Temos de mudar de pensamento. Isto vale tanto para o consumo de energia, como para o estilo de vida, a justiça na distribuição etc. Na agenda política deve figurar, antes de mais nada, este debate. É necessário um estilo de vida sustentável apropriado para a terra e acessível a todos os homens.

Para pessoas que se referem a Francisco e Clara de Assis isto convertir-se numa questão de credibilidade. Foi Francisco que nos sensibilizou para a interligação de todos os seres criados. Esclareceu que nós não somos os donos dos seres criados mas sim seres criados dependentes duma relação harmoniosa e consciente com a natureza. Pôs a andar o movimento que se entendeu como sistema alternativo duma fraternidade universal na qual os homens, os animais, as plantas e a Mãe Terra estão interligados como irmãos e irmãs. Só com tal espiritualidade da criação vamos ganhar forças para alterarmos o nosso estilo de vida adaptando-o aos desafios do nosso tempo. A nossa tarefa será acompanharmos e encorajarmos as muitas iniciativas e os muitos vime que lutam pela preservação da Criação.

Nos anos 70 e 80 do século passado houve, em todos os ramos da Família Franciscana uma sensação de partida. Encorajados pelo Concílio, devido a um modo vivo e novo de ser-se Igreja nas igrejas locais do Sul, devido aos jubileus franciscanos de 1966 e 1982 surgiram muitas iniciativas e importantes documentos que consciencializaram mais uma vez esta missão franciscana. Os ramos da ordem franciscana descobriram, sobre tudo, que formam parte duma Família Franciscana mundial e que só em comum podem responder aos desafios do nosso tempo. De modo representativo só mencionamos o documento de Gubbio de 1982 (v. sob Impulsos) no qual os franciscanos e iniciativas ambientais se relembraram da espiritualidade franciscana da Criação. Neste documento, muitos dos problemas de hoje já são pressentidos, e foram citados passos concretos de ação. Portanto, não é necessário que comecemos desde o princípio no ano do jubileu do Carisma 2008/2009. Às vezes é suficiente lembrar-se outra vez das coisas boas e continuá-las no nosso tempo. O CCFMC pode ser uma verdadeira mina se procuramos as respectivas sugestões no mesmo.

Andreas Müller OFM

Extraído de http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/cbcmf-news/2008/2008_05_News.shtml?navid=92
acesso em 04 set. 2008.

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