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quarta-feira, 4 de março de 2009

Dar um espaço ao amor de Deus

A imagem do Crucificado dirigiu-se a ele carinhosa- e benevolamente: “Francisco, não vês que a minha Casa se está desmoronando? Vai então e restaura a minha casa!” Francisco disse tremendo e surpreendido: “Quero fazê-lo de boa vontade.” Ele pensava que a palavra se referia àquela igreja de S. Damiano ameaçada de desmoronar-se devido à idade que tinha. Aquelas palavras, no entanto, foram um motivo duma alegria tão grande e iluminaram-no de tal maneira que sentiu Cristo o Crucificado, que lhe tinha falado, realmente no seu coração. (Leg3, 13)
Se os lábios se mexeram ou se as palavras também podiam ter sido ouvidas por outras pessoas, são perguntas secundárias. Quanto mais tempo passar, mais se vai acreditar em milagres. Mas assim poderia perder-se o essencial.

No fundo, trata-se duma experiência interior, totalmente mística. O edifício desmoronado e nele o quadro do Crucificado – não é o reflexo do outro? Golgatha, finalmente, não é uma casa confortável, mas sim um lugar nefasto! Não pode continuar que o Crucificado esteja abandonado de Deus e dos homens. A dedicação total de Deus tem de ter um lugar neste mundo. Tem de poder viver entre os homens. E assim, Francisco ouve a ordem de reconstruir a capela em ruínas. A sua vocação, o que ele pediu, consiste em reconstruir a capela, em dar um espaço ao amor de Deus.

É, pois, natural que Francisco perceba esta vocação primeiro ao pé da letra. Muitas vezes, escapa-nos o sentido original. Francisco crê que foi chamado para restaurador de igrejas. Precisa de alguns meses até ele perceber a verdadeira vocação: A Igreja de Jesus Cristo ficou também um lugar nefasto, em ruínas, quase no fim. Quem se quer identificar com uma igreja tal? Os cátaros e também os valdenses são antes o espaço no qual Deus e também os fiéis podem estar em casa. Mas o papel que Deus lhe destinou é precisamente este: não ficar só rabugento na igreja, mas ficar preocupado em palavras e ações pela alegria de ser-se membro desta igreja. E assim forma e constrói a Igreja – juntamente com muitas mulheres e muitos homens, pequenas comunidades e redes de comunicação razoáveis, lugares de vida fraternais nos quais o amor de Deus tiver um espaço fascinante aqui na terra.

Perguntas:
1. Quais as experiências que faço
  • com monumentos da igreja?
  • com a Igreja à qual pertenço?
2. O que digo à vocação eclesiástica de Francisco de Assis?
3. De quais experiências semelhantes posso falar, quando o essencial só ficou demonstrado mais tarde?
Extraído de: Carisma 2008/2009 : intercâmbio de idéias e impulsos / Anton Rotzetter. Disponível em http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/bibliothek/charisma/2007_Charisma_Impulse.shtml?navid=104 acesso em 11 fev. 2009.

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