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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Da teologia de Moisés

Os israelitas, que gemiam ainda sob o peso da servidão, clamaram, e, do fundo de sua escravidão, subiu o seu clamor até Deus. Deus ouviu seus gemidos e lembrou-se de sua aliança com Abraão, Isaac e Jacó. Olhou para os israelitas e reconheceu-os. (Ex 2,23-25)

O Senhor disse: “Eu vi, eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos. E desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir do Egito para uma terra fértil e espaçosa, uma terra que mana leite e mel, lá onde habitam os cananeus, os hiteus, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Agora, eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes fazem os egípcios. Vai, eu te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo”. (Ex3,7-10)

E disse: tirar-vos-ei do Egito onde sois oprimidos, para fazer-vos subir para a terra dos cananeus, dos hiteus, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus, terra que mana leite e mel. Eles ouvirão a tua voz. Irás então com os anciãos de Israel à presença do rei do Egito e lhe direis: o Senhor, o Deus dos hebreus, nos apareceu. Deixa-nos, pois, ir para o deserto, a três dias de caminho, para oferecer sacrifícios ao Senhor, nosso Deus.

Eu sei que o rei do Egito não vos deixará partir, se ele não for obrigado pela força. Mas estenderei a mão e ferirei o Egito com toda sorte de prodígios que farei no meio deles. Depois disso, o faraó vos deixará partir. Farei com que esse povo ganhe as boas graças dos egípcios, e, quando partirdes, não ireis com as mãos vazias: cada mulher pedirá à sua vizinha e àquela que mora em sua casa objetos de prata e de ouro, e vestidos que poreis sobre vossos filhos e sobre vossas filhas. Assim despojareis os egípcios.” (Ex3,17-22)

Dentro dos planos de Deus, podemos ver claramente, seu desejo de libertar o homem enquanto fruto de sua criação, pleno da dignidade que lhe é devida, restaurar tudo que lhe foi retirado pelo cativeiro, Ele levanta do pó o indigente e tira o pobre do monturo, para, entre os príncipes, fazê-lo sentar, junto dos grandes de seu povo. (Sl 112, 7-8).

Moisés e seu Deus, não apenas preocupavam-se com o destino imaterial das almas hebreias, também isto certamente, porém sem deixar de lado a vida presente com todas necessidades físicas pertinentes a ela, se fosse outra a intenção, porque o maná e as codornas? Porque a água e até pensando bem, porque tira-los do Egito? Para a salvação da alma é preciso muito menos que 40 anos no deserto. Hoje no curso do capitalismo, vejo milhões de irmãos, presos a cadeias piores que as Egípcias, irmãos destituídos até mesmo da dignidade humana, por conta de uma opressão física e abstrata, vejo trabalhadores sem emprego, hoje temos muitos príncipes diante de nós, temos muito mais pobres que o haviam no Egito, só nos faltam Moisés, Josué, Jethro e seus concelhos sábios, falta-nos principalmente quem nos defenda, falta ainda o povo clamar ao Senhor, e falta que alguns de nós se levantem, dispostos a ser o Moisés um do outro, se cada um de nós começar a praticar pequenas ações de solidariedade, de amor fraterno, junto poderemos sair todos do cativeiro, a jornada é dura, mas a recompensa é farta, o que são as panelas de carne no Egito, comparadas ao banquete celestial e eterno?

abraços fraternos,
joão lellis
O original encontra-se em http://familiafranciscanainsanil.blogspot.com/2010/02/da-teologia-de-moises.html

Ilustração: Moses erhält die Gesetzestafeln / Gebhard Fugel. ca. 1900. Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gebhard_Fugel_Moses_erh%C3%A4lt_die_Tafeln.jpg acesso em 03 fev. 2010.

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