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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Não é possível abrir caminhos para o Reino de Deus de qualquer maneira

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 4,24-34 que corresponde ao XI Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Com humildade e confiança

Preocupava e muito a Jesus o fato de que seus seguidores terminassem o dia desalentados ao ver que os seus esforços por um mundo mais humano e ditoso não obtinham o êxito esperado. Esqueceriam o reino de Deus? Manteriam a sua confiança no Pai? O mais importante é que não esqueçam nunca como devem de trabalhar.

Com exemplos retirados da experiência dos camponeses da Galileia, anima-os a trabalhar sempre com realismo, com paciência e com uma confiança grande. Não é possível abrir caminhos para o Reino de Deus de qualquer maneira. Tem que ver como Ele trabalha.

O primeiro deles é saber que o seu trabalho é semear, e não colher. Não viverão pendentes dos resultados. Não se devem preocupar com a eficácia nem com o êxito imediato. A sua atenção centra-se em semear bem o Evangelho. Os colaboradores de Jesus têm de ser semeadores. Nada mais.

Depois de séculos de expansão religiosa e grande poder social nós, os cristãos, temos que recuperar na Igreja o gesto humilde do semeador. Esquecer a lógica do colhedor que sai sempre a recolher frutos e entrar na lógica paciente de quem semeia um futuro melhor.

O início do semear é sempre humilde. Mais ainda se se trata de semear o Projeto de Deus no ser humano. A força do Evangelho não é nunca algo espetacular ou clamoroso. Segundo Jesus, é como semear algo tão pequeno e insignificante como “um grão de mostarda” que germina secretamente no coração das pessoas.

Por isso o Evangelho só se pode semear com fé. É o que Jesus quer lhes fazer ver com as Suas pequenas parábolas. O Projeto de Deus de fazer um mundo mais humano leva dentro uma força salvadora e transformadora que já não depende do semeador. Quando a Boa Nova desse Deus penetra numa pessoa ou num grupo humano, ali começa a crescer algo que a nós nos desborda.

Em momentos como esse, na Igreja não sabemos como atuar nesta situação nova e inédita, em meio a uma sociedade cada vez mais indiferente a dogmas religiosos e códigos morais. Ninguém tem a receita. Ninguém sabe exatamente o que há para fazer. O que necessitamos é procurar caminhos novos com a humildade e a confiança de Jesus.

Mais cedo ou mais tarde, nós, os cristãos, sentiremos a necessidade de voltar ao essencial. Descobriremos que só a força de Jesus pode regenerar a fé na sociedade descristianizada dos nossos dias. Então aprenderemos a semear com humildade o Evangelho como início de uma fé renovada, não transmitida pelos nossos esforços pastorais, mas gerada por Ele.

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