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quinta-feira, 28 de março de 2024

QUINTA-FEIRA SANTA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 13,1-15)(28/3/24)

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1. Caríssimos, hoje, quinta-feira santa, começa o Tríduo Pascal com a celebração e a benção dos santos óleos que serão usados nos Sacramentos do Batismo, Unção dos Enfermos e no Santo Crisma; também nessa Santa Missa todos os sacerdotes do mundo inteiro juntamente com os seus bispos renovam as promessas sacerdotais para servirem ao Senhor com renovado ardor para a salvação das almas que lhes foram confiadas.
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2. O Santo Crisma é a unção divina e salutar de todas as almas consagradas a Deus no Batismo, nele rebemos a plenitude do Espírito Santo; assim, por meio desse óleo santo, Deus unge nossas almas nos dotando de todas as graças, nos fazendo participantes do reinado do Seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo, da sua missão sacerdotal e profética. 
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3. Também nesta Santa Missa são abençoados o óleo dos enfermos, para curar o corpo e a alma dos que se encontram debilitados espiritual, moral e fisicamente; e o óleo dos catecúmenos, ou seja, daqueles que recebem o batismo e nascem da água e do Espírito Santo para a vida eterna.
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4. Também nesta liturgia de hoje, na Santa Missa noturna, teremos a celebração da Santa Ceia do Senhor com o lava pés, onde recordamos a instituição da Santa Eucaristia, Corpo e Sangue, Alma e Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo presente realmente neste Sacramento, memorial da nossa salvação. Nesta celebração recordamos ainda a instituição do Sacerdócio e da Santa Missa.
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5. Portanto, caríssimos, Deus em Seu infinito amor de Pai tudo preparou por meio dos Sacramentos de Sua Santa Igreja para nos fazer participante de Sua Natureza Divina; quanto à nós basta que sejamos fiéis a todas as graças que por estes Sacramentos nos são concedidas para sermos santos como o Senhor nosso Deus é Santo.
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6. Amados irmãos e irmãs, meditemos com estas palavras de São João Maria Vianey a respeito do Santo Sacrifício da Missa, e da Santa Eucaristia, memorial da nossa salvação: "Quero falar-vos um pouco do que se entende por santo sacrifício da Missa. Sabeis que o santo sacrifício da Missa é o mesmo que o sacrifício da cruz, oferecido uma vez no Calvário. 
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7. A única diferença é que, quando Jesus Cristo Se ofereceu no Calvário, esse sacrifício era visível [...] e na Santa Missa Jesus oferece-Se ao Pai de uma forma invisível; ou seja, só vemos com os olhos da alma, não com os do corpo. Eis, meus irmãos, um resumo do que é o santo sacrifício da Missa.
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8. Mas para vos dar uma ideia da grandeza dos méritos da Santa Missa, meus irmãos, basta-me dizer-vos que ela faz as delícias de toda a corte celeste, alivia as pobres almas do purgatório, atrai para o mundo toda a espécie de bênçãos e dá mais glória a Deus do que todos os sofrimentos de todos os mártires, do que as penitências de todos os eremitas, do que todas as lágrimas que foram derramadas desde o princípio do mundo e o serão até ao fim dos tempos.
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9. Se me perguntardes a razão, ela é bem clara: todas estas ações são feitas por pecadores mais ou menos culpados; ao passo que, no santo sacrifício da Missa, é um Homem-Deus igual ao Pai que Lhe oferece o mérito da sua morte e da sua Paixão. É por isto, meus irmãos, que a Santa Missa tem um valor infinito." (São João Maria Vianney (1786-1859), presbítero, Cura de Ars).(Sermão para o 2.º Domingo depois do Pentecostes)
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 26 de março de 2024

A TRAIÇÃO É UM DOS PECADOS MAIS GRAVES...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 13,21-33.36-38)(26/3/24)

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1. Caríssimos, a tendência de olharmos e nos atermos aos problemas que se apresentam querendo nos desestruturar, é perder o ânimo, dada a nossa Impotência e fragilidade. Na primeira leitura de hoje o Profeta Isaías passa por essa prova: “Trabalhei em vão, gastei minhas forças sem fruto, inutilmente; entretanto o Senhor me fará justiça e o meu Deus dará recompensa”. (Is 49,4).
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2. E com isso nos ensina que diante de nossa fragilidade e desânimo, o Senhor nos revela que está sempre presente e nos envia para missões ainda maiores, pois a obra em que trabalhamos é Sua e é Ele mesmo que nos prepara para cumpri-la.
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3. Com efeito, quando o Senhor nos chama para uma missão Ele nos abre as comportas de suas graças para que fielmente a realizemos. De fato, Deus tudo criou sem nós, nos plasmou no ventre de nossas mães sem que tivéssemos consciência; mas, por sua divina misericórdia, nos chama à colaborarmos com Ele na obra da redenção realizada por seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.
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4. No Evangelho de hoje Judas é protagonista e símbolo daqueles que são chamados pelo Senhor para o acompanhar em sua missão salvadora, como os demais discípulos; mas, porque agem a partir dos interesses mestinhos e busca de vantagens pessoas ou projeção da própria imagem, deixam, com isso, o mal entrar em suas almas passando de discípulos à traidores de Deus. 
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5. Com efeito, somente quem tem uma visão geral da vida é que sabe lidar com as adversidades que tentam nos desestabilizar e tirar o essencial que somos. Ora, somente Deus conhece cada uma de suas criaturas, por isso, nos capacita com seus dons e virtudes para superarmos todas as adversidades deste mundo. 
6. O bom é ter a certeza de que o mal, apesar de todo barulho que faz e de toda maldade que semeia, nunca prevalecerá sobre o bem, e é isto que o Senhor Jesus nos garante com sua morte e ressurreição. Ora, Deus é Deus, e o seu poder é invencível, mesmo sendo traído, aparentemente subjugado e morto; tudo isso serve tão somente como prova da vitória da sua Onipotência eterna, ninguém o pode vencer; é Dele que depende todas as coisas.
7. Amados irmãos e amadas irmãs, a distância entre o tempo e a eternidade é um sopro de vida, isso nos diz que quem serve fielmente ao Senhor no tempo que lhe é dado, tem como herança a felicidade eterna. 
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8. Portanto, caríssimos, bem aventurados são aqueles que vivem fielmente seu chamado, pois sabem que o Senhor nunca os abandona, ao contrário, os fazem participantes de sua morte de cruz para que participem também da sua Ressurreição.
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9. Recitemos com amor e devoção este lindo hino da liturgia latina: "Desce o Verbo de Deus à nossa terra, sem deixar a direita de Deus Pai.
E, lançada a semente do Evangelho, o Senhor chega ao ocaso da vida.
Um discípulo O entrega aos inimigos; mas, antes de morrer, o Salvador entrega-Se aos discípulos, dizendo: "Sou o Pão vivo que desceu do Céu" (Jo 6,51).
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10. O corpo de Jesus é alimento, o seu sangue, bebida verdadeira. Viverá para sempre o homem novo que tomar deste pão e deste vinho.
Nascendo, quis ser nosso companheiro, na Ceia Se tornou nosso alimento,
na morte Se ofereceu como resgate, na glória será nossa recompensa.
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11. Hóstia Santa, penhor de salvação, perene manancial de eterna vida, o inimigo teima em combater-nos; salvai-nos com a vossa fortaleza.
Ao Senhor Uno e Trino demos glória, cantemos seu louvor por todo o sempre; a todos nos conceda a vida eterna, abrindo-nos as portas do seu Reino."
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(Liturgia latina - "Desce o Verbo de Deus", Hino de Laudes da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo)
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 25 de março de 2024

É NA FRAQUEZA QUE ÉS FORTE EM MIM


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 12,1-11)(25/3/24)

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1. Caríssimos, a liturgia de hoje é uma ação preparatória para o grande dia em que Jesus, o Filho de Deus, se entregará livremente nas mãos dos malfeitores para desse modo nos libertar definitivamente do poder do inferno e da morte que subjugou a humanidade por meio do pecado de desobediência dos nossos primeiros pais e também dos demais pecados cometidos em todos os tempos. 
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2. De fato, esta semana nos remete aos contrastes presentes deste episódio de que a Igreja faz memória e vive neste tempo litúrgico; por um lado relembra a traição, o sofrimento, a dor e a tristeza que resultou na paixão e morte do Senhor crucificado; por outro, transpõe tudo isso com a explosão de alegria pela sua vitoriosa ressurreição.
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3. Com efeito, o modo operante do Senhor nos revela que para além de todos os limites que o maligno tenta nos impor por suas ações maléficas, nada disso prevalece, uma vez que o Poder de Cristo é infinito e Ele age sempre por meio de Seus atributos divinos, bem como nos ensinou ao exortar São Paulo: "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força." (2Cor 12,9a).
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4. Destarte, São Paulo nos exorta que como Ele suportou em seu corpo os sofrimentos de Cristo, nós também podemos suportar os mesmos; mas, sempre com a devida consolação do Senhor. Digamos, então, com Ele: 

5. "Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo." (Gl 6,14; 2Cor 12,9b).
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6. Meditemos então com estas palavras de Santa Gertrudes a respeito do Evangelho de hoje: "O Senhor [disse a Gertrudes]: Se também queres oferecer-Me o perfume que, segundo a Escritura, esta mulher derramou devotamente sobre a minha cabeça, depois de ter partido o vaso onde o levava (cf Mt 26,7), de modo que "a casa encheu-se com o perfume", fica sabendo que o farás de modo excelente amando a verdade. 
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7. Sim, aquele que ama a verdade e, para a defender, perde os amigos ou se expõe a outras provações, ou empreende fadigas, esse quebra verdadeiramente o vaso e derrama abundantemente sobre a minha cabeça o perfume precioso, de modo que a casa se enche do seu bom odor. E torna-se ocasião de bom exemplo».
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8. Ela respondeu: «Senhor, Maria comprou este perfume precioso; como posso eu honrar-Te como se tivesse feito uma compra de valor semelhante?». O Senhor respondeu: «Quem Me oferece a sua boa vontade num assunto que decide realizar por meu amor, por maiores que sejam as dificuldades que tenha de enfrentar, desde que vise a minha glória, está a comprar-Me um perfume preciosíssimo, que Me é muito agradável.
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9. Pois, ao preferir a minha honra à sua vantagem, expõe-se voluntariamente a mil inconvenientes. Sim ele compra-Me esse perfume, ainda que seja impedido de realizar o seu objetivo» (Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301), monja beneditina
«O arauto», Livro IV, SC 255). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 23 de março de 2024

DEUS É FIEL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 11,45-56)(23/3/24)

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1. Caríssimos, certa feita escreveu São Paulo: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus." (Rm 8,18-19).
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2. No Evangelho de hoje vimos o absurdo com que o Senhor Jesus foi julgado digno de morte pelos mestres da Lei por ter ressuscitado Lázaro. Disseram eles: "Que faremos? Este homem realiza muitos sinais. Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”.
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3. De fato, quem tem o coração fechado para Deus nem o mais sublime milagre poderá abri-lo; mas, nem por isso o Senhor deixa de manifestar a Sua Santa Vontade por meio de Sua Divina Misericórdia, que, como escreveu São Paulo, "superabunda onde o pecado abundou." (Rm 5,20).
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4. Uma mística inglesa do Sec. XIV, Juliana de Norwich, no seu livro "Revelações do Amor Divino", cap. 32, escreveu: "O nosso bom Senhor disse-me certa vez: «Todas as coisas vão acabar em bem»; e doutra vez disse-me: «Verás que tudo acabará em bem». Com estas palavras, a minha alma percebeu que Ele quer que saibamos que dá atenção, não somente às coisas nobres e grandes, mas também às que são humildes, pequenas, pouco elevadas, simples. É isto que Ele quer dizer quando declara: «Tudo, seja o que for, terminará em bem».
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5. "Porque neste mundo raciocinamos de forma tão cega, tão baixa, tão simplista que nos é impossível conhecer a sabedoria elevada e maravilhosa, o poder e a bondade da Santíssima Trindade. É como se Deus nos dissesse: «Tende o cuidado de acreditar e confiar em Mim, e no final vereis tudo na verdade, e portanto, na plenitude da alegria».
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6. Eis o comentário de Mons. Ângelo Spina: "No Evangelho de hoje, assistimos a uma conspiração contra Jesus, depois de ele ter ressuscitado o seu amigo Lázaro. Ao ressuscitar Lázaro, Jesus revela que Deus está do lado da vida e é o Senhor da vida. Este sinal gera fé em muitos, mas noutros gera medo, e "medo" é a palavra que afasta a mudança, fecha o coração e cria álibis. 
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7. É por isso que surge neles a pergunta: "Que havemos de fazer? Este homem faz muitos sinais! Se o deixarmos fazer isso, todos acreditarão nele e os romanos virão destruir o nosso lugar santo e a nossa nação! São estas as deduções que tiram de um acontecimento prodigioso! Temem que todos acreditem em Jesus e que esses prodígios e a fé nele sejam a causa de uma derrota nacional total. 
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8. Para defender um sinal que eles transformaram em ídolo, os chefes do povo rejeitam a novidade do sinal que Deus lhes oferece: o sinal da salvação. Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: "Vós não entendeis nada e não considerais que é melhor que morra um só homem pelo povo e não pereça toda a nação".
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9. Mais tarde, o evangelista João consegue captar nas palavras de Caifás, um profeta que ele não conhecia, e no pronunciamento do veredito de morte uma verdade dolorosa e escondida: a morte de Jesus será um gesto de amor e de salvação e romperá as fronteiras da primeira aliança, abrindo-as a todos os filhos de Deus. 
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10. O Deus fiel não pode negar-se a si mesmo, não pode negar-nos, não pode negar o seu amor, não pode negar o seu povo, não pode negar porque nos ama. Esta é a fidelidade de Deus. (Monsenhor Angelo Spina, Arcebispo de Ancona - Osimo). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 22 de março de 2024

QUEM ACOLHE A VERDADE, LIBERTA-SE DE TODO MAL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 10,31-42)(22/3/24)

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1. Caríssimos, os homens que se entregam ao pecado não aceitam a verdade; e no Evangelho de hoje tal pecado foi o falso julgamento que fazeram de Jesus, desse modo, o rejeitaram mesmo reconhecendo as boas obras que Ele realizava. 
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2. E assim não acreditaram que Ele era o Messias, o Filho de Deus; pelo contrário, o acusaram de blasfêmia e queriam apredeja-lo; ora, quando isso acontece tais almas se tornam incapazes de reconhecer a verdade, e por consequência, deixam de fazer a vontade de Deus. Ou seja, acolher o seu Filho amado.
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3. Comentando este Evangelho disse o Mons. Ângelo Spina: "O que chama a atenção no Evangelho de hoje é a escolha da violência como falta de argumentos. A vida de Jesus não é fácil e não é só durante a semana da paixão. Ao longo de toda a sua vida, não tinha feito outra coisa senão testemunhar a presença do Pai através de obras de cura, de salvação, de consolação, de perdão e de misericórdia. 
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4.. Se tivesse ficado apenas nas obras, talvez não o tivessem condenado à morte, mas ele disse: "Eu e o Pai somos um". Os seus adversários compreenderam perfeitamente, é evidente: Jesus afirma ser o Filho de Deus. Numa última e tímida tentativa de se defender, o Mestre cita as Escrituras. 
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5. Mas nada, a tensão é enorme, a hostilidade contra ele atingiu o seu auge, nem mesmo os sinais, as boas obras que Jesus utiliza para sustentar a sua pretensão são suficientes, nem mesmo essas podem salvá-lo, pois para eles o Senhor ultrapassou todos os limites. Jesus tenta dialogar com os judeus, mas, perante as provas que apresenta, a única resposta que recebe é a da violência. 
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6. Sentir-se detentor da Verdade arma-nos por vezes contra os outros. A verdadeira prova de se estar na Verdade é a capacidade de dialogar sempre e com todos. Onde o mundo protesta, é aí que o cristão deve ser capaz de oferecer o martírio do diálogo, sempre, mesmo quando parece inútil, mesmo quando parece falhar. 
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7. No final, não importa se o que fizemos bem deu o resultado desejado. O Senhor pediu-nos para darmos testemunho disso e não para convencermos o mundo. É o testemunho que nunca devemos perder de vista e não os resultados a alcançar."
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8. Portanto, caríssimos, é triste o estado das almas que querem calar a voz da verdade ou a própria verdade em si mesma; ora, isso é sinal de que escolheram seguir a trilha da mentira em todos os sentidos da vida, por isso, são tomadas pelo o ódio infernal que as devora, tirando-lhes toda paz e alegria de viver.
9. Por isso, só acreditando em Cristo, permanecendo unidos a Ele, os discípulos, entre os quais também nós nos encontramos, podem continuar a sua ação permanente na história: "Em verdade, em verdade vos digo, diz o Senhor, quem acredita em mim fará também as obras que eu faço" (Jo 14,12)." (Bento XVI - Regina Caeli, 22 de maio de 2011). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 20 de março de 2024

SER LIVRE É SER HUMILDE, É FAZER A VONTADE DE DEUS


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 8,31-42)(20/3/24)

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1. Caríssimos, a vida nos foi dada, e o que estamos fazendo com esse dom tão precioso que recebemos de Deus? Vivendo para Ele ou para nós mesmos? De fato, o grande problema da humanidade, é o "eu"; quando o "eu" é o critério para tudo, pensa que não precisa dos critérios divinos para a salvação, ou seja, da obediência aos seus santos mandamentos.
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2. Ora, se o "eu" determina tudo, não precisa de Deus, nem de nenhum salvador; porém, quem assim vive, cai no egocentrismo e se perde nele, pois, nenhum rio é perene sem a fonte que o gera e o sustenta. Logo, percebemos que não passamos de um sopro de vida, e no dia em que esse sopro se esvai, voltamos naturalmente ao pó que somos se não permanecermos na graça de Deus.
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3. Na primeira leitura o rei Nabucodonosor achava que não existia nenhum Deus que não os seus, ou seja, era ele quem tudo determinava e se alguém não lhe seguisse o faria perecer sob a morte mais cruel. E no entanto a fé de três jovens lhe mostrou que só existe um Deus e nenhum outro fora Dele. Ou seja, sem Ele nenhum ser subexiste por si mesmo.
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4. No Evangelho de hoje os pretensos contraditores de Jesus não se contentaram ao ouvirem do Senhor que, quem Nele crê, encontra a verdadeira liberdade, porque se torna filho de Deus. Aliás, são João tratando desse assunto, escreveu: "Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.
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5. Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é. E todo aquele que nele tem esta esperança torna-se puro, como ele é puro." (1Jo 3,1-3).
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6. Portanto, caríssimos, aprendamos com o Senhor Jesus, pois a sua humildade nos ensina que dependemos de Deus cem por cento; bem como escreveu são Paulo: 
"Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. 
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7. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Fl 2,5-8).
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8. Comentando este Evangelho disse Mons Ângelo Spina: "No diálogo com Jesus, os judeus proclamam-se pessoas livres e filhos de Abraão. Protestam que nunca foram escravos de ninguém. Para Jesus, a liberdade e a escravidão são morais, enquanto os seus interlocutores entendem estes termos numa chave política. 
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9. Jesus fala de escravidão e de liberdade moral em relação ao pecado. Ensina que a verdadeira escravidão é a de ordem religiosa: é escravo aquele que peca. Pertencer a Jesus significa deixar que a sua Palavra se torne vida em nós e a alma da nossa liberdade. 
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10. Somente Ele, que é a liberdade em pessoa, nos pode tornar livres. Se continuarmos a pensar que podemos libertar a nós mesmos, continuaremos escravos. Muitas vezes damo-nos conta de que há coisas que nos escravizam, pensamos que só as podemos enfrentar com a nossa vontade e a nossa força, e os fracassos são evidentes. 
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11. Acolher Jesus na nossa vida significa deixar que Ele nos dê a verdadeira liberdade, não por um ato mágico, mas pela força misteriosa e concreta do seu amor. Porque quando deixamos que o seu amor chegue ao nosso coração, então uma força maior do que a nossa, e uma vontade mais forte do que a nossa, atua em nós e fazemos a experiência de ser "livres de", para sermos "livres para". (D. Angelo Spina, arcebispo de Ancona - Osimo - Itália).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 19 de março de 2024

SOLENIDADE DE SÃO JOSÉ, ESPOSO VIRGINAL DE MARIA E PAI VIRGINAL DE JESUS


 Solenidade de São José (Mt 1,16.18-21.24a)(19/3/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, todos os desígnios de Deus se realizam por meio da fé de seus filhos e filhas, porque esse dom nos leva a realização da sua vontade; aliás, todas as promessas do Senhor se cumprem por meio da fé, como o Senhor Jesus disse: "Tudo é possível ao que crer". (Mc 9,23)
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2. Por exemplo, o rei Davi acreditou e o Senhor realizou a promessa da estabilidade do seu reino por meio do nascimento do Seu Filho Jesus Cristo gerado pelo Espírito Santo no seio da Santíssima Virgem Maria, sua descendente direta, como vimos no Evangelho de hoje.
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3. Com grande alegria a Igreja hoje celebra a Solenidade de São José, esposo da Virgem Maria, pai virginal de Jesus, protetor da Sagrada Família e seu Patrono. Ora, "quando a providência divina escolhe alguém para uma graça particular ou estado superior, também dá à pessoa assim escolhida todos os carismas necessários para o exercício da sua missão. 

4. Isto verificou-se de forma eminente em São José, pai adotivo de nosso Senhor Jesus Cristo, esposo da Mãe de Deus, Rainha do céu e da terra, senhora dos anjos e dos santos."
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5. "Com efeito, ele foi escolhido pelo Pai eterno para ser o guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o Seu Filho Jesus Cristo e a Virgem Maria sua mãe. E cumpriu com a máxima fidelidade sua missão. Eis por que o Senhor lhe disse: "Servo bom e fiel! Vem participar da alegria do teu Senhor!" (Mt 25,21).
6. De fato, São José, como diz o Evangelho desta Solenidade, era um homem justo, fiel e obediente, e isso o levou facilmente a seguir o que o anjo lhe revelou em sonho. Desse modo, ele foi o primeiro, depois de Maria, a conhecer o cumprimento da promessa da vinda do Messias, o Filho de Deus, descendente do rei Davi.
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7. Comentando a Solenidade de São José, disse o Papa Leão XIII: "A divina casa que José governou com autoridade de pai continha as primícias da Igreja nascente: sendo Mãe de Jesus, a Virgem santíssima é também a Mãe de todos os cristãos, que gerou no Calvário, no meio dos sofrimentos supremos do Redentor; e Jesus Cristo é o primogénito dos cristãos, seus irmãos por adoção e pela redenção (cf Rm 8,29). 
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8. Por estas razões, o bem-aventurado patriarca São José considera como estando-lhe particularmente confiada a multidão dos cristãos que compõem a Igreja, essa imensa família espalhada por toda a terra sobre a qual detém como que uma autoridade paterna, uma vez que é o esposo de Maria e o pai de Jesus Cristo. 
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9. É, portanto, natural e muito digno do bem-aventurado São José que, tal como provia outrora a todas as necessidades da família de Nazaré e santamente a envolvia com a sua proteção, cubra agora com o seu patrocínio celeste a Igreja de Jesus Cristo e a defenda."
(Leão XIII (1810-1903), papa - Quanquam pluries)
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10. Oremos: "Lembrai-vos de nós, São José, e intercedei com vossas orações junto de vosso Filho adotivo; tornai-nos também propícia vossa Esposa, a Santíssima Virgem, mãe daquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos sem fim. Amém."
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Paz e Bem!
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Fr Fernando Maria OFMConv.

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